sábado, 31 de outubro de 2009

"Jesus transformou-o num Deus de amor"

“ (…) Um Deus cruel, vingativo, invejoso, com todos os defeitos do mundo, que é o Deus do Antigo Testamento, Jesus transformou-o num Deus de amor. Deus de compaixão. Esse foi o grande milagre de Jesus (…) pôr um Deus no lugar do outro.”

Saramago, in Outlook, 24.10.2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Religare

A experiência da autonomia da obra sobre o autor é partilhada por muitos autores como uma experiência de existência fundamental, estendida até limites de pensamento em que se duvida se foi o autor que escolheu o objecto sobre o qual quer trabalhar, ou se foi o objecto que escolheu o autor.

A percepção, o sentimento, o chamamento do pensamento e da palavra acerca da obra, por parte da obra que quer ser dita, que quer ser conhecida, transcendem quer a obra, quer o autor para espaços relacionais holográficos de transcendência noosférica, em que a obra e o autor se interconectam num tempo aion de responsabilidade, permanentemente retomada num Kairos discursivo, disponível para um Khronos de ocasião evolutiva expandida, em que os signos que configuram a obra se abrem a novos significados, a novas percepções, sentimentos e interpretações.

José Saramago, no lançamento do seu último livro “Caim”, formulou algumas frases que certamente ficarão retidas nos sulcos das memórias de alguns de nós, como por exemplo: “A Bíblia é um manual de maus costumes”; “Lê a Bíblia e perde a fé”; “(…) antes, da criação do Universo, Deus não fez nada (…) decidiu criar o Universo (…) não se sabe porquê (…) nem para quê. Fez (…), segundo a Bíblia, o Universo em seis dias (…) só seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje, nunca mais fez nada. Isto tem algum sentido?”

Para além das frases acabadas de citar, existe uma outra frase cuja intensidade não deixará de ser projectada e trajectada para planos noosféricos permanentemente disponíveis para um Khronos de ocasião evolutiva, a saber: “Eu tenho uma convicção profunda de que os livros dizem ao autor como querem ser escritos”.

http://aeiou.expresso.pt/saramago-a-biblia-e-um-manual-de-maus-costumes=f542180

http://www.youtube.com/watch?v=Vd3GBaZNtAw

sábado, 10 de outubro de 2009

Auto-referência

Auto-referência é a capacidade que um sistema tem de se dirigir a si mesmo, em si mesmo, enquanto posição de si mesmo.


"The mathematical theory of categories (category theory) thinks the mathematical

object as an individuated system, thus, in a relation of motion from itself to

itself, in itself (coincidentia, cum+incidere), which defines the object ’s identity."

"(...)origin and target , it points towards itself and it is pointed at by itself, in its identity, the end and the beginning coincide, in the same object , and, in this sense, one is before a self-reference."


"Now, once we consider the number 1, as such, we must also consider it in its

permanent rotative coincidence with itself, in itself. The number 1, as such, is,

indeed, in a permanent rotative coincidence with itself, in itself, otherwise the

number 1 would lose its integrity. This is the same for any other number. It

becomes pertinent, here, to recover the primitive philosophical notion of eternity,

disambiguated from the various historically coupled religious senses.

Eternity (aeviternitas, aeternitas) has the original and originating meaning of

absolute permanence with itself that each thing, considered as an existent and

totally present in each moment, has, be this thing an abstract or concrete entity."


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Autopoiesis...

Por: Maria Odete Madeira

A partir de uma fronteira, de uma estrutura interna e de uma organização disposicional, dependentes das condições formativas iniciais, cada agente, ou sujeito, ente ou entidade constrói as suas próprias regras, a partir das quais interage, interpreta e transforma em conhecimento útil para si quer as informações geradas no seu próprio organismo, quer as informações captadas do exterior. Neste sentido, podemos falar de auto-referência e de auto-organização, ligados à produção de conhecimento e, deste modo, também, de autopoiesis.