segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ser sujeito...

Por: Maria Odete Madeira

A tradição filosófica ocidental está profundamente enraizada na noção de sujeito. Diz-se de um indivíduo humano que o mesmo é, também, um sujeito e, assim, um referente em permanente interface relacional cognitiva.

Ser sujeito é estar em permanente actividade relacional reflexiva projectiva. A produção de subjectividade faz-se intersubjectivamente, sem se dissolver nessa intersubjectividade.

Aquilo que em cada sujeito humano é designado por identidade e pessoalidade, disponível desde o nascimento e que inclui os elementos da história de cada sujeito, em permanente interface com o meio, baseia-se nas memórias autobiográficas dos respectivos sujeitos, construídas ao longo dos seus anos de vida e sempre condicionadas pelos limites genéticos, relacionados com as condições iniciais originantes que determinaram a topologia individuante de cada um.

Cada indivíduo é único na sua subjectividade e é como tal que deve ser referido, ou seja, naquilo que originariamente o põe em movimento como comportamento aberto aos outros indivíduos, aos objectos, às coisas e ao meio com os quais (e o qual) interage.

Quando pensamos em conhecimento, temos, igualmente, de pensar em noções de subjectividade, dobradas nos processos cognitivos, com efeitos observáveis aos níveis da criatividade e diversidade, implicadas no crescimento e desenvolvimento do mesmo conhecimento.

Os diferentes e diversos sinais que trocamos permanentemente uns com os outros, de forma explícita ou implícita, solicitam a nossa capacidade de antecipação e projecção, a partir de formas particulares de percepção que (co)envolvem acções, objectivos e estratégias.

Somos capazes de extrair, armazenar, avaliar, comunicar e debater conhecimentos ao nível do grupo social (Changeaux, 2002), assim como estamos disposicionalmente dotados não só para captar sinais provenientes de várias origens como para os processar, transformando esses sinais em conhecimento.

Deste modo, cada organismo humano, enquanto posição rotativa de si, permanece num estado de abertura, a partir do qual capta e regista, perspectivicamente, todos os sinais que descrevem as relações do mesmo organismo (de cada organismo) com tudo aquilo que lhe é exterior, sendo consideradas, também, nessas relações, as reacções orgânicas que ocorrem durante o processo, transformando, assim, em conhecimento as relações interactivas e dinâmicas, sinalizadas e captadas em processos e situações que (co)envolvem acções, reacções, decisões, estratégias e escolhas.

Todo o acto cognitivo é acerca de uma ou mais relações, e, assim, é sempre uma abertura para a presença de algo, alguém ou alguma coisa.

Este acerca de nunca é neutro, está projectivamente comprometido e condicionado por e com uma intencionalidade que aponta para uma relação sinalizada.

Apontar é também um orientar-se para coisas, situações ou processos aí no mundo, nos seus modos de existência em relação uns com os outros e com o próprio mundo (Heidegger, 1969).

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Claude Levi – Strauss..., algumas citações...

“Nunca tive, e ainda não tenho, a percepção do sentimento da minha identidade pessoal. Apareço perante mim mesmo como o lugar onde há coisas que acontecem, mas não há o «Eu», não há o «mim». Cada um de nós é uma espécie de encruzilhada onde acontecem coisas.”

“Desde criança que me senti incomodado pelo irracional e, desde então, tenho tentado encontrar uma ordem por detrás daquilo que se nos apresenta como uma desordem.”

“Assim, se o mesmo absurdo se viesse a repetir uma e outra vez, e outro tipo de absurdo também noutro local, então isso seria uma coisa que nada teria de absurdo; se fosse absurdo não voltaria a aparecer (…) Esta foi a minha primeira orientação, e cifrou-se em descobrir a ordem por detrás desta aparente desordem.”

Claude Levi – Strauss in “Mito e Significado”, pp. 14; 22; 23

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Will we ever be able to schematize a plenitude?

By: Maria Odete Madeira

…The radical evil is out there…, for that "the bell tolls for us"…

Will we ever be able to schematize a plenitude?

Plenitude (Plenitudo) signalizes totality (totum).

The Good (Bem, Bene) signalizes plenitude and perfection.

The harmony between the concrete being and its eidos is plenitude and perfection.

The Good is the coincidence between the being and the must be.

The Good is the coincidence between that which some thing is and that which that same thing must be.

Will we ever be able to schematize: good, plenitude and perfection?

Will we ever, us humans, be able to make coincide the being with the must be?

And what about death and suffering? In the light of the eidos of Justice, are death and suffering just? Can death and suffering be called examples of Good?

Particular extreme situations, depending upon the person, can make emerge feelings and extreme practices of altruism, accompanied by feelings of elevation that can give access to planes of Good that help people become better persons, in the sense of acting in conformity with the eidos of Good (Bene).

However, the perception of the eidos of Good does not have to pass by particular extreme situations, it can happen when one is still very young and in a spontaneous way, in a simple looking at the world, in a simple looking at the suffering of the others.

One can approach the perception of the planes of Good, in relation with the reflexibility of which the Cosmos, itself, and all the things in it, are gifted.