Por: Maria Odete Madeira
Ambiguidades referenciais e códigos transculturais deslocam-se nas sociedades online, através de populações invasivas e evasivas de memes híbridos, fragmentadores, turbulentos, truculentos e virulentos.
Visões e alucinações de neurónios e sinapses desdobram-se em prismas manipuláveis, num duplo jogo projectivo delirante de autonomias e heteronomias.
Signos, símbolos, ideias, conceitos e preconceitos são permanentemente actualizados, em múltiplas e ambíguas versões, traduções, exemplares e cópias, arrastando consigo paisagens de significados rizomáticos e acidentados, apoiados em suportes diferenciais, cartografados por redes de rememorações transfiguradas e reconfiguradas, assimiláveis a rastos de restos…
Passantes e errantes, geneticamente dobrados, atomizados, virtualizados, empacotados e destinados a espaços acelerados, pulverizados por avalanches metamorfoseantes de informação, nós todos: entes, entidades ou coisas somos e estamos aí perante o mundo e perante nós, percepcionados e interpretados como sistemas de rastos de restos que circulam, em interface de sobrevivência, pelos intervalos da criação que o criador parece ter esquecido.
Se o mundo for um efeito do cálculo divino…, haveria mundo se o cálculo estivesse correcto, completo, acabado, perfeito, esférico?! Haveria mundo sem o rasto do resto do cálculo divino?